Writing

Para lembrar,
precisamos esquecer.

Para aprender,
precisamos recordar
que lembrar
começou por esquecer.

January 28, 2023

Primeiro somos humanos. Somos parte indistinta de uma descrição universal que se vista de uma escala cosmológica não quereria sequer deter termos para acentuar qualquer diferença entre essa comunidade. Talvez, para efeitos de uma apreciação sobre a possível explicação da persistência ambiental da espécie, essa descrição poderia tentar uma precisão tipológica sobre a biologia, e uma outra descrição morfológica sobre a relação inter espécie. Devido ao nosso estado concentrado na condição terrestre, torna-se claro que as especificidades etnográficas dessa descrição, seriam diluídas numa informação homogénea de carácter coletivo.

Segundo, alguns já sabem que a essa escala, somos somente um conjunto primitivo de seres em constante conflito com a nossa própria evolução e progressão intelectual. Somos tão só e ainda, limitados pelos conhecimentos do nosso território imediato, e incapazes de lidar com os conceitos para além dos campos sociais das nossas relações planetárias. A maioria, é incapaz de lidar até, com as relações que existem além da sua própria presença e proximidade com outros indivíduos, humanos ou não, cientes ou não.

No entanto, continuamos a aguardar pelo Messias que nos trará o entendimento sob a forma de palavras, imagens ou pílulas. Esperamos por esse momento, suspensos nas nossas incapacidades e ancorados em sentimentos ainda mais primitivos do que a nossa possível descrição cosmológica.

Penso sobre o que seria se os pontos que nos unem estivessem dispersos pelo universo. Se não tivessem qualquer mecânica associada, nem quântica, e se transformassem no entendimento de cada ser individual, assim que esse ser quisesse. Só assim posso assumir que a solução coletiva fosse um pouco mais do que uma fantasia, e nessa realidade tudo se dissipasse em nós. Ou então, toda essa noção se transformasse em estrelas e astros, tal como vejo no céu dos que talvez já cá andam em volta de mim.

January 21, 2023

Sem ser preciso desdizer, contrariar ou outra forma qualquer de assumir que não sei, posso concordar que não há problema nenhum em opinar pelo contrário.

Diz ele, que as coisas indizíveis são as mais importantes. Um lírico, irónico e mordaz a quem a importância é tanto relativa para mim, como para ele. Talvez seja por isso que ambos achamos ainda mais importante saber opinar, sublinhar, erudizar.

Eu percebo ao que se refere nas tais coisas indizíveis. São aquelas que sei que existem, mas que para ele são misteriosas e que vivem nesse reino do desconhecimento intencional e praticado.

Prefiro as coisas dizíveis e as suas proclamações, principalmente quando partem da descoberta das coisas indizíveis só para voltarem à sua condição inicial. Prefiro saber e faltar-me assim o que saber a seguir. Num estado sem fim, e não como o seu fim em si.

Vou ter que o ler, para sentir a falta de não saber e descobrir-me nesse caminho de coisas que ora sei, ora como não sei, quero saber.

January 17, 2023

Nunca é a melhor altura para parar. Podes ter a certeza que avançamos sempre que precisares de mim ao teu lado, mesmo que isso signifique nunca parar.

Parar não, até porque me faltam as forças para isso. Além do mais, não sei como continuar, e como também não sei parar, avanço.

É um milagre esta via de vida em movimento. Sempre de momento em momento como se a tentasse esquecer. Nem assim avanço e mesmo assim não páro.

Nunca haverá melhor altura para parar.

January 11, 2023

Assoberbado, sinto que por vezes até a sensibilidade me ultrapassa. Como se nunca me tivesse invadido, sou incapaz de saber como me comportar nessa falha humana. Fico preso numa tontura, numa doença que me leva a noção de em como corresponder com o sentimento abstracto de que somos capazes de entender, sem ter ainda na história, o saber de como o dominar.

Talvez ainda, talvez um dia, sejamos capazes desse sentido de afeição à nossa tal sensibilidade em só, existir.

É um quadro belo, esse o da incapacidade, incompetência e do deslumbre. É uma tolice de que nunca me quero gabar, nem esquecer. É assim e sem que me sinta obrigado a erigir altares de fé a ninguém especial. É melhor falhar em comunhão com todos os que em silêncio também falam assim.

January 7, 2023

Sometimes I wonder when happiness in people face's is real and true.

It's almost ironic to find out that usefully, that happiness is built upon sand and water, reinforced by ephemeral feelings of opposing magnitude, either passive, either inconsequential.

January 3, 2023

Nem professor, nem para sempre aluno.

Agente da disciplina, ajo porque recuso mediar e tomar partido por facções extremas.

Inquieto, um mecanismo justificado pelo mecanismo normal. Intrínseco.

Concentrado na construção crítico de conteúdo criativo.

Livre para pensar.

Útil, eficiente e capacitador. Instigador.

Um investigador boémio, ouvinte da ética, virtude e princípios ausentes.

Um modernista moderado à procura de uma melhor nomeação.

Um terceiro corpo, se fossem preciso contar. Alternativo.

December 2, 2022

Não raras vezes (e muito pela eloquência deste início), sinto-me uma cópia.

Geralmente porque vivo em tempo real a noção da referência, quando assisto ou atinjo, sempre longe do auto-didatismo, ao imenso alinhamento do meu pensamento, com a atualidade do futuro.

November 16, 2022

De certo que não serei diferente, e por isso tento pensar em algo tão semelhante.

Só assim posso evitar ser um velho queixoso e derrotado, com tanto pesar que carrego nas sombras dos olhos.

Mesmo ouvindo de mim o que sei ser capaz, resisto à dúvida de um controlo maior, dobrado nas costas do meu legado.

Mesmo dominando o dia, a cada dia que vem, há sempre uma forma do tempo nos invadir e ganhar a tutela, um pensamento de cada vez.

É impossível não pensar, que tudo o que somos, há-de sempre mudar.

Tenho melhor a noção do tempo que demora uma montra a desenhar um reflexo de mim.

É isto que nos pedimos quando nascemos, ter a noção do tempo, principalmente quando morremos.

November 1, 2022

A primeira premissa de um compromisso é a professa vontade em prometer.

Como em todos os compromissos existem duas partes indissociáveis como integrantes do pacto a relacionar: o emissor e o recetor. Antes de mais, convém esclarecer que o emissor é efetivamente possível enquadrar como uma entidade, e por isso, pode ser relativo a um agente individual ou coletivo, pode ainda ser pessoal ou institucional. O recetor é mais ou menos abstrato, relativo à sua própria posição perante o emissor. Pode até ser uma corrente de pensamento.

Podemos descrever assim o emissor a partir do seu enquadramento e de acordo com algumas variáveis.

Podemos começar pela menos óbvia, onde o emissor é ao mesmo tempo recetor. A mensagem premissa é transportada do indivíduo para ele próprio, o mesmo indivíduo, relacionado portanto e somente o seu corpo intelectual íntimo. Podemos ainda refletir sobre o facto deste compromisso ser mantido ora privado ora público, o que por si, afeta a leitura, interior e exterior do compromisso, em múltiplas frentes de análise.

Quando o emissor se dirige ao recetor, num canal direto e identificável, encontramos o que parece ser, na maioria dos casos, a principal forma de estabelecer compromisso. Este segundo tipo é mais fácil de reconhecer, até pela prática individual da maioria de uma qualquer comunidade, principalmente religiosa. A comunidade social, assente nas premissas políticas de relação de premissas com estrato, estatuto e poder, é o exemplo maior deste caso: eu comunico, tu reconheces, há possibilidade de acordo e como tal, um perfeito compromisso tácito. Se estas regras não são seguidas há conflito e a suspensão do compromisso social, seja ele cultural ou somente ético.

Éxiste ainda um terceiro tipo (e deixemos a contagem por aqui, para já) onde a inversão da direção da premissa comunicação, se transforma quase numa falácia, e se inverte: o recetor exige um compromisso do emissor (transformando-se assim num emissor?). A inversão sugere ainda que as regras binárias de partida e chegada estão ausentes e em sua vez podemos não só encontrar o compromisso do emissor pela posição e consequentemente mensagem subliminar do receptor como também, a omnidirecionalidade de uma nova forma de mensagem, comunicação e compromisso. Imaginemos um político, que pretende levar a cabo uma decisão, sabendo de antemão sem emitir a sua mensagem, que a receção da mesma tem uma provável reação. Esta influência clara da mensagem, sem sequer ser proferida uma relação clássica de canal, emissor, receptor, tempo, permite mediar compromissos com uma mestria intemporal agindo diretamente como professa vontade em prometer.

Vamos aos exemplos: eu quero comprometer algo em mim (sem nunca influenciar a minha relação com outros); eu quero prometer algo a alguém (porque o haveria de fazer se não a mim próprio primeiro); eu exijo uma promessa implícita (sem que seja explicitamente professa a minha vontade e compromisso).

Este é o tipo de promessa a cumprir? Parece que sim, pois as bases da sociedade contemporânea têm como agregador a capacidade de prometer entre os seus elementos.

Esta é a promessa que não consigo fazer: saber como prometer algo a quem quer que seja, com a certeza de não a cumprir. Não porque não a tenha como certeza mas porque a simplicidade desse compromisso evita a nossa relação com o tempo da nossa mudança e a nossa evolução intelectual.

A promessa é sempre melhor vivida como princípio,uma membrana entre órgãos sem moralismos, e só dependente da nossa forma de aceitar como viver.

November 1, 2022

Fico embevecido com as proezas dos outros, sem que isso me diga quem sou, tão só que essa inveja não se explica, celebras-se.

October 10, 2022

My Zeitgeist, a spirit of the time, my time, is but a ghost.

Some parts of it are made of an intended legacy while others of unexpected heritage but all, are building blocks to the present.

Through me, they become what once were, and are processed as such, somehow innocuous and extinct.

Filtered by my pleura, they enter a gaseous state, unaffected in ambient temperature, ready to be taken by some, as if they are their first gulf of air.

These are the parts of the spectrum I'm building to all.

October 10, 2022

Quando a memória causa angústia passa a remorso e isso altera a essência do passado num futuro nada feliz.

October 8, 2022

Tudo o que fazemos só acontece uma vez.

October 8, 2022

Preciso de me afastar de mim para saber quem quero ser.

October 6, 2022

Sinto-me perdido e até desorientado quando provoco a minha ausência.

October 6, 2022

O mundo é perfeito, até porque se não fosse, iriamos querer o contrário.

October 4, 2022

Observations urge me to relate perceived time with entente.

October 4, 2022

I live my life knowingly absent of pleasure.

Commitment replaced the most elementary definition of pleasure and inversely evolved the sense of autonomy and responsibility.

I don't find pleasure in dragging my feet coming out of a bus while thinking about the indulgence waiting for me at home.

I don't find pleasure driving a cabriolet in the most beautiful road towards a new restaurant.

I find pleasure in controlling the urge to have pleasure in life as a cultural concept.

I find pleasure in pleasure itself, and that's why I am what I care about.

September 25, 2022

When reading is the manifestation of the power of knowledge, writing is the application of a summoning choice for power.

Power is the ability to influence other's people behaviour and understanding of cultural and social relations through politics.

Power is neutral in its essence and changed only because the organic structure of meaning, depends on human dynamics.

September 24, 2022

Ao julgar os outros à nossa imagem, estamos a evitar conhecê-los.

September 23, 2022

Who, has put me in charge? My anger did and then, calm and a vision took over. Now, it's just the fulfilment of a specific order, my own.

September 22, 2022

O que faz um fio de cabelo solto no meio de tantas pessoas?

Será que alguém repara, ou é só o vento que sabe o que faz?

Nem pensar na forma nem no percurso, pois um fio de cabelo será sempre um fio, de cabelo.

Interessa de quem? Ou só de onde veio?

Nem isso, só o que faz solto no meio de tanta gente.

September 21, 2022

The highest power of a memory is forgetness. Immediate and absolute, it obliviates enduring lifes through trauma.

September 21, 2022

Penso no que seria a minha vida se ela fosse como a imaginara.

September 19, 2022

Quanto mais me tentam perceber mais se confundem.

September 16, 2022

Tem dias em que me apetece aprender todas as palavras do dicionário, só para poder explicar melhor que também eu, não sei nada.

September 15, 2022

O dia de um sol, bem escrito por entre as linhas de tantas surpresas. O dia de uma presença nunca anunciada.

Um acaso pensado para ser especial, a quem nunca deixará de o ser, e no entanto só isso, uma simples vontade de estar.

Um passeio por entre livros e árvores, no seio de tantas pessoas, interessadas em saber o que saber mais.

Tinha consigo uma Margarida, bem florida e dedicada ao sol desse dia. Nunca murcha, espevitada e também ela, feliz.

Um último passeio, dedicado a escolher outros sonhos, por entre os pequenos mistérios das folhas por abrir.

Uma memória por partir.

O dia de um homem feliz, que nunca deixará de o ser.

September 14, 2022

As a man who accepts mistakes I am a proud owner of a vast wealth.

September 6, 2022

The most fascinating matter to work with is reality.

September 5, 2022

Perante o impacto da mudança (a certeza de que algo estará disponível para se alterar ou ser alterado), podemos reagir ou com alusão ou com ilusão. Em último caso podemos decidir pela negação mas para já, simplifico.

A mudança implica a alteração de estado e de condição de um facto conhecido. Facto esse, não necessariamente estático, portanto possivelmente orgânico e dinamicamente ativo. Neste caso refiro-me especificamente a uma ideologia, uma forma de pensar, e na sua mudança.

Perante a mudança, iludemos então, sob a forma de fantasia, ambição e até de uma expetativa, o que se entende estar em processo de se alterar. A ilusão do que aí vem, pretendido ou não, precede de um processo que causou a tal alteração e a sua propagação, tanto no tempo corrente como no tempo futuro. É um ato contínuo onde o controlo sobre o procedimento é elaborado a partir de um conjunto de ajustes, com vista à obtenção de um determinado caminho. É geralmente uma ilusão, porque a quantidade de ajustes é de tal ordem, que no final, o ponto previsto de chegada nunca é o planeado. Ironicamente, diria que este resultado é o esperado. Representa um bom plano, onde a ilusão de um resultado se concretiza em fragmentos isolados e constantemente atualizados. Imaginem a democracia, onde nos iludimos infinitamente, sejam essas ilusões individuais ou coletivas.

Perante a mudança, aludemos então, sob a forma de valor, princípio e ética, o que se entende ser um processo de alteração. A alusão a um determinado conjunto de fatores elementares na abordagem a cultura intelectual de um ser ou de uma comunidade estabiliza, higieniza e purga um processo ritmicamente inconstante, com resultados inesperado e geralmente, emocionalmente insuportável. Sem fórmulas, exceto as condições de base formativa, individual ou coletiva, a forma do processo ao longo do tempo fica dependente única e exclusivamente do seu estado, quanto à sua percentagem de acabamento perante o ponto de início do processo. Imaginem algo para lá da democracia, onde paulatinamente nos implicamos como seres individuais que representam a saturação de todos os pontos de um panorama coletivo.

Será possível perceber, que perante a mudança, podemos agir ou reagir, ativar ou passivar, ator ou figurante, mas nada disso me interessa. Esta leitura de uma conformação (e posição) binária deixa de ter validade a partir do momento em que alguém a reconhece como uma alternativa. Por isso, perante o recurso à figura da ilusão ou da alusão no processo de mudança, a expetativa de uma alternativa adicional (diria até que a alternativa se reflete numa leitura cosmológica dimensional de ordem quântica) é uma possibilidade pouco explorada.

Ilusão ou alusão não são recursos errados, desajustados, mas antes escolhas. Considero ainda que são respostas práticas e válidas a problemas sociais modernos (a começar pela nossa posição, estatuto, etc.), mas não são suficientes para a evolução cultural da nossa sociedade. São hinos binários, conducentes a isto ou àquilo. Precisamos de mais.

Imaginemos a democracia, aliás, para além da democracia, onde a participação na mudança é garantida por tudo o que não achamos possível e racionalizado pela atenção ao imediatamente próximo. Imaginem que decidi atravessar uma rua, ou um rio, sabendo que a decisão formada inicialmente pode ser alterada e que a prevalência do resultado não depende do ímpeto ou da capacidade física, mas da leitura do interesse final dessa ação, desse provável resultado. Indeterminante, esta forma de entender o resultado como aleatório não existe, pois o tempo "seguinte" determina-se instantaneamente num novo resultado esperado, e ainda numa nova hipótese de mudança. Um loop, um ciclo, ramificação ou um paradoxo, a leitura do tempo que decorre numa mudança é infinita. É também a melhor opção de estudo para alterarmos o vício da nossa decadência presente.

August 25, 2022

The elemental bases of our society are love and compassion. Neither are part of our lexicon of empathy and solidarity. Love is an ambiguous generalisation of an ensemble of unpracticable feelings and emotions. Compassion is an abstraction of pity and disdain towards the alternative individuals that chose to live outside the prevalent capital.

The elemental bases of our society should be scrutinised to the edge of current understanding, starting with the practice of non referential thinking.

August 19, 2022

The present scarcity is troubling.

People are enjoying the perks of modernity in an amodern model.

Everything that incites humanism is instantly being replaced with fantasies of consumerism and fast paced visual eulogies of a perfect life. Everything hard or even reasonably challenging to achieve is immediately quarantined on a global effort for the replacement of it, with self taught technology of inhuman easiness. We have lost the will to wait, to expect, to grow and to take the proper time to learn how to, anything.

This is happening while a growing number of people are struggling for food, and we, the educated part of our world, are buying everything that can deliver the erosion of our society. This is not only a catastrophe. People are struggling to survive, and probably dying from it, when others are spending millions in indulgent futility. I question sanity itself when we can see everything around us embedded in a decaying system of almost zero social advancement without any type of resistance. Even science and research are contaminated with profit, and peer social notoriety as capital.

This context is also, and perhaps the only, opportunity to evolve the way we practice our own individual behaviour before the point of no return. I'm not being apocalyptic when I say: a point of no return, I'm being perfectly adequate in the meaning terminology and significance, if we consider that at our current pace of unnecessary sophistication we could instead be travelling to the edges of our cosmological knowledge. And yet, we have chosen not to.

Imagine if all the individual energy (both physical and mental) spent in the construction of participation on a social network was redirected to the production of vegetables and natural medicines. I can't even imagine (!) what we could do if we would use the global military industry budget for general advancements - for sure we would been visiting Saturn by now. And yet, we have chosen not to. I'm being realistic when I think about the point of no return because this observation, is in itself a fulcral, and lost, opportunity to profit from time as capital.

I'm being realistic when I think about the point of no return because this observation, is in itself a fulcral, and lost, opportunity to profit from time as capital. This implies that everything we had foresee (socially, culturally and even politically), will have to be postponed, for decades, if not centuries due to the inherent conflict of values to attende as a civilisation. This is a clear trauma, and the healing will only come from obsoletion. Recognition will be the gateway to the cure in the form of classical pouches of ethnographic charged ethics. These phenomena will give us the ability to endure, thus granting us the surpassing mechanism that we have chosen not to use right now.

These occasions of discovery will take its time, and will also require coordinated efforts of collective systematic social rehabilitation, before we can settle our differences, and understand this space we call our dimensional world. We cannot also neglect to embrace our differences in peace, before achieving other dimensional stages of humanity.

For more than once I've said that we are on the verge of change, and if not even a virus, or a war, can change the current collective perspective, then, this obsoletion is not a matter of the occasion of a traumatic event, but rather a natural path into a slow and utterly revealing decline. Unavoidable and somehow desired.

I hope we get there sooner than later because people are famine while you are reading these words on your individual device.

August 18, 2022

É como se o mundo me cuspisse, de cada vez que me tenta engolir.

August 11, 2022

Qualquer desafio ao status quo será sempre e primeiramente considerado amoral, mau e reprovável até àquele momento em que se apercebem dos benefícios.

Os que se sentem acusados pela alteração do seu próprio paradigma serão os primeiros obstáculos, os detratores de uma alternativa real à evolução e ao desígnio da virtude, do princípio e da ética.

Os que não estão preparados para fazer parte desse processo coletivo, alinham quando o poder da política se instala como a cultura da sua sociedade.

August 7, 2022

Tudo, mas tudo, tem que ver com a noção do que é de alguém. Nosso, meu, de alguém.

Aprendi a viver com nada, disso, pelo menos. Vivo só com a minha ambição de eternidade.

Não há nada mais libertador do que ser possuidor do capital do nada dos outros. Aquilo que eles definem como sem valor de sistema, quase lixo, que nunca o é, muito porque esses, nem sequer compreendem como há algo para além de qualquer capital.

Vivo nessa pobreza, rico como o caralho.

August 3, 2022

... : quando não sei o que fazer procuro a razão.

Infelizmente sou levado a isso demasiadas vezes, o que impede que a minha sensibilidade exploratória, menos racional e radical, seja prevalente.

De qualquer das formas, sou sempre invadido pela noção de dever e responsabilidade, o que me garante que cuidarei de todos, sempre, antes de mim.

July 13, 2022

A matéria da nossa construção não é a história a que chamamos: o passado. É antes, o ecossistema de decisões que tomamos todos os dias. E apesar de ser possível chamar-lhe de presente, essa consciência sobre o que vem a seguir, são micro incursões num tempo que ainda não existe, o futuro.

A influência de uma memória pode ser a desculpa de muitos para a sua forma de ser e agir, mas essa ação não é nada mais do que a ativação de toda a aprendizagem a que somos expostos, e não a cópia de um comportamento registado.

Somos o que queremos ser, pelo que aprendemos e não pelo que conseguimos copiar de outros. Tudo o resto são desculpas e descomprometimentos da mais variada desordem.

July 10, 2022

Vivi cercado por desculpas, justificadas pelo vício do seu uso, inqualificável, tanto quanto objeto de aceitação.

Vivi nessa ubiquidade o tempo suficiente para proclamar em mim uma isenção.

Viverei tempo suficiente, para morrer a saber, que as desculpas que uso, servem quem não as sabe usar.

July 8, 2022

A responsabilidade em explicar não é de quem precisa perceber.

July 6, 2022

Há em si um sentimento de honra, de vocação, de dever, em recusar aceitar que estática, só mesmo a verdade. Tudo se move, incluindo a necessidade de até, tudo se mover, exceto o valor fundamental da honestidade.

Erro é não agir.

July 1, 2022

Sim, eu acho que sou incompetente. Inconveniente, até. E acho isso algo de bom, senão não estaria aqui.

Muitas vezes, como falo, faz-me sentir que o entendimento de quem ouve, é nitidamente sobre o estado de algo que vai mal, mas a minha intenção não é essa. É sobre algo muito bom, que provavelmente não surge à partida como a possibilidade de progredir para algo diferente, apesar de não necessariamente melhor, pois não tenho em mim esse poder. Falo em mudar. O meu poder é esse, o do verbo poder.

Ser incompetente não é mau, quando é só um estado temporário na condição do saber, do praticar e do ser. Talvez este seja um problema que decorre do uso da minha língua, mas sinto-me incompetente e isso faz-me avançar. Essa língua é a mesma que uso para exprimir a outros o que vejo, e como toda essa construção pode ser tão rica e inútil ao mesmo tempo. Talvez tenha nascido morta, da posição que eu decidi tomar, mas o meu tempo é ainda o de a obrigar a falar.

June 25, 2022

Um dia teria que ser assim. Desde o momento em que começou, a vontade de saber como irrita o pôr do sol sempre foi algo que nunca me incomodou. Ele está lá, existe e serve para um ritual que não me lembro de precisar. Apesar de parco, este contato existe e funda a mente na certeza de um ciclo que nunca se fecha, o dia, a noite, o dia, a noite. Nunca igual.

Mas a progressão do tempo é uma constante exponencial, principalmente, e de acordo com a maturidade construída a partir da experiência. Reconhecemos facilmente como deixamos ter uma jovem longura ociante, para viver na adulta fugacidade ansiosa. Memórias, nostalgias e remorsos são a pedra desse templo de tempo perdido, saqueado aqui e ali por uma catarse imposta, quase terapêutica. Tudo se precipita em crescendo e é fácil sumir.

Viver na certeza da morte é, para mim, viver na certeza da vida. O inverso, não tem sentido. E ignorar um destes pontos, também não. Viver na certeza da manhã, do ocaso, da luz e da sua ausência, da presença, companhia e tudo o que nos rodeia é a minha obrigação. A certeza da nossa raça, diriam alguns, mas não será só assim.

Por isso, o como, importa. Nada faz mais sentido do que a certeza de tudo o que nos rodeia ser a parte mais importante do que "estamos aqui a fazer... De outra forma, será necessário partir, mudar, terminar, concluir, avançar e evoluir. Afinal de contas, é exatamente por esta incapacidade de resignação como resistência e resiliência que "estamos aqui".

E eu "estou a fazer".

June 17, 2022

I did it, I broke, I sober, a curse
ft. Kendrick Lamar
ft. Catarina Rodrigues

admiração, contemplação, stranded
descansa
ouve bem
pensa em mim
pensa na transformação possível que assistes todos os dias
e depois ouve Portishead (os vocals são dela, Beth Gibbons)
mas a criança no fim faz me chorar
só isso
ouve os últimos versos

Sim
Vou tomar um banho
Beber
Ouvir
Descansar e pensar

mas a criança no fim faz me chorar
É um bom sinal

e tenta a transformação
eu sou o primeiro da minha família a ser assim
não há passado para me segurar
e eu sei isso

Tenho de ouvir para perceber
És um belo homem

isso
não sou
sou só um homem, talvez nem isso
sou só alguém
sou só eu
não preciso ser mais
só preciso de ser isso
talvez isso seja o que procuro
ser só eu
sem pensar em ser o que me pedem ou esperam de mim
ser

isso é a simplicidade e a redução do fazer ser
isso é tudo o que eu posso fazer
e é difícil

Todos somos só alguém
Alguém para nós e alguém para os outros e mesmo sendo "só" alguém não deixamos de ser importantes

afastar e deduzir o que está a mais, que aflige
eu não sou importante
não é uma condição instalada

Queres ser um eremita?

é um estado exterior e relativo ao tempo dessa perceção
não, só em mim

Medita
Ouve te
Dá te a calma que precisas
Continua e não pares
Quando parares morres

sim

May 25, 2022

A intensidade de construir um pensamento com o tempo é ao mesmo tempo inalcançável e quase misterioso.

A forma como essa construção se deixa afetar pelo seu autor, depende da noção de passagem linear, da leitura interpretativa e da relação histórica e pessoal desse tempo com o estado da sua arte.

De que vale carregar mais do mesmo ao longo da linearidade da história? De que é feita a originalidade da resignificação? O que podemos esperar de nós quando somos confrontados com o acto de construir?

É possível olhar de duas formas para a frente: com as mãos dadas aos que nos antecederam, ancorados assim aos pontos de vista estabelecidos e à sua sobreposição, ou então, decididamente soltos, não necessariamente auto didatas, mas envolvidos numa construção de significado muito menos relacional, na causa e no princípio, estabelecendo novas virtudes e éticas pedagógicas.

Uma é endémica, a outra pandémica, mas ambas são intrinsecamente sistémicas. E isso basta para o mundo. A mim, que me desinteresso do mundano, procuro estabelecer o equilíbrio entre a relação de entendimento externa da minha verdade e a necessidade pessoal de não me aborrecer com facilidade.

May 17, 2022

Reconhecer um lugar é primeiro reconhecer a importância para as pessoas, desse mesmo lugar. É também conhecer a origem de onde emana o interesse por esse lugar, nós. Pela empatia é possível demonstrar (em nós) a faculdade humana que exprime como melhor cuidar o lugar do outro, pelo outro, através de nós ou em conjunto.

É descobrir desta forma, um novo lugar, um sítio nosso por afinidade.

A cultura é o meio que facilita este percurso, o que vai do espaço de todos ao interior de cada um. Por esta atividade associada, potenciam-se os interesses individuais numa força maior, a do coletivo. Para isso, não basta o lugar. É preciso que dele se fale com interesse, se viva com vontade e que esse espaço seja uma parte da vida comum.

Em pátio algum se ouviu falar assim.

EMPÁTIO - associação cultural

May 5, 2022

Dou por mim a pensar, que sou uma tentativa de poeta que nunca quis ser arquiteto. E vice versa.

May 4, 2022

Para já, apetece-me reconhecer que há os que não se ouvem a falar, e os que só ouvem a si próprio a falar.

Para já, basta.

April 10, 2022

What is a fresh start, if not an opportunity in adversity to look at things differently and, perhaps from an entirely new perspective.

Reflecting on the way you've always done some things makes it easier to change.

April 4, 2022

Joy is becoming a banal feeling of completion and belonging. Joy is also assertively lacking on what makes an epiphany, the panorama of all things aligned in meaning. Simple things are therefore becoming rarer and pose themselves as singularities. Being ready for an epiphany is something one must practice, but to be able to behold and contemplate on an epiphany is certainly a superior achievement. Practice, achieve and only after, evolve.

April 3, 2022

Imagina que a relva já não é verde e o céu deixou de ser azul.

April 1, 2022

Há questões que por vezes nos assolam como lutas.

Por exemplo, recentemente, tento perceber qual é a versão mais recente de mim. Além da que os outros vêem, procuro aquela versão que eu ainda não sei ser totalmente sincero em admitir, comigo, dirigindo-me ao centro mitocondrial do meu âmago.

É uma alquimia que exige a noção de todos os componentes químicos perfeitamente identificados e não, não acontece como que por magia.

March 30, 2022

O sentimento que persiste, só porque vemos o mundo pela nossa lente.

Repetidamente, como só a agonia pode ser normal, percebo que há coisas difíceis de mudar. Não é de todo impossível, mas a raiz que me invade é essa: como, do mesmo pé, brotam corpos diferentes.

Até o trigo já foi outrora uma variação, uma anomalia, uma vontade (ou acaso) que se transformou em ação. Até eu já pensei diferente, e continuo, aos dias de hoje, a cuidar de certos enxertos que decidi encetar.

É uma agonia constante, esta, a da nossa própria realidade.

March 21, 2022

This is his war: only half of a territory.

Ukraine as a whole is a decoy.

An inhumane excuse to set a plan in motion. One that thrives on the lives of innocents, both Ukrainian and Russian. This is a war that creates a crippling tension, generates global attention and considers a long pronounced presence in the main economic spotlights.

By disrupting positions between oil/gas/cereal interests, one can lead to a process of positioning, regarding individual nation's stand on political alliances.

When you burn the grass, enemies show themselves and, either run or attack back.

This is how he thinks he will revolve the established doctrines and change the position he's not able to unsettle otherwise.

The supposedly seized trillions of the oligarchs are protected in opep oil investments (the ones actually winning something short term in this war). They will come out of this laundered, clean and even more rooted inside rotten economic systems.

It seems this concertation is aimed and enhancing the importance of oil and gas before the lithium revolution, thus prolonging the west dependance of fossil fuels as much as possible.

I think that the main intention is to change what was inevitable before it became established: Russia is a decadent nation, built on the sociology of fear and capitalism.

Contemporary Russia is a wrong turn for the primal socialist project - the one millions still defend and are in dire need to believe is still alive, specially now when consumerism keeps knocking on their doors...

The idiosyncrasies are visible when capitalist desire is not available within socialist ideology.

Political arguments are not enough when social collectives are susceptible to be tempted by individual power. Changing the placebo from socialism (or even a dictatorship) to capitalism is nothing new and almost every opep country can be traced back on those behaviours. History is indeed repeating itself.

Russians, death soldiers and imprisoned protesters, are a collateral damage, predicted and manageable. Sanctions are a way to justify the strategic ideology to the remaining population about the western plots against him. Logistic problems, poor soldier training and great numeric losses are the issues of western media.

The "real" news Russians are getting daily are the ones of great suffering and of the urgency of territorial defense against an enemy of the state.

Propaganda is the main weapon.

Nationally and internationally this is first, the war of the politicised media and only then, the result of a human tragedy.

We are slowly falling in the confort of our own protection, either by distance or by political position in a NATO country. Unheard relativisation of loss and of the importance of human life is a process than denies the urge to act. It's a strategy of fear, slowly burning the entire world.

Consumerism is the pill that creates the apathy. Media are the syringe...

Long term, I don't know what to think will be the outcome but I am tentatively avoiding this is all about Putin himself.

What is this war really about?

March 14, 2022

We are witnessing, in real time, the settling of confort in people's mind.

All the atrocities of war and criminal occupation of a territory will soon become a vulgar part of the day for millions.

It is as if death and oppression could be a banal daily topic. These traumatic conditions of humanity are processed as benign entertainment.

In a few days (as it never truly ended), consumerism will have again, the main role in the ambitious mob of collective absenteeism.

The next product, the access to credit and to the best interest rate and immediate availability, are the trias moralis where the world stands on.

Nobody is going to be able to be what they want to be without choosing the alternative to themselves in this world.

March 12, 2022

An unbalanced world is not a question of perception or even context, but rather the observation of reality.

Prosperity is a collective ambition and shouldn't be misunderstood with growth. The continuous and alarming focus on the ability to enlarge everything beyond universal needs is not a sustainable way to provide basic conditions to a human. This conundrum surely has to do with the way we are not seeing alternatives to my understanding of the classical status quo: everything must become something. For me, this is not prosperity. Neither is degrowth. Let us think about alternatives then.

First we can think on scale and, how the proportion of an infinite growth is not applicable to our existence. A road can add lanes, a computer can add cores and grow our access to some sort of advancement but there's a limit to human needs. I only need one bed, one chair, one shower and I only have one life to live in. We don't need much more than this to live perfectly. Of course we must account for friends and family but, this way of seeing things is applicable to everyone, so it scales proportionally. This is a reduction of all that is implied for us to continue as a collective and I'm not against progress, only the insensitive one.

Second we can think on time and, how our lifetime and general health conditions presume comfort as an individual state of existence. I can choose to do as many things invented as possible but (and there are a few exceptions), I cannot enjoy, fulfill our even produce mensurable evolutionary gains on all of them. Generally speaking, a factory worker can produce a much more stable environment for everyone of us to thrive on, than a raging entrepreneur testing the limits of consumerism. There's so many other "things" to research and invest and find those gains. Think health, environment, culture, science, ... Frenetic consumerism affects our notion of ethics, virtues and humanistic principles.

Just start Thinking on how our knowledge of space and time within the human condition, incites us to reconfigure our notion of life. We need to live our life learning, not only to die properly, but in order to set the most appropriate tone for generations to come.

Think about them when you think about you.

March 1, 2022

How easy it is to break down in tears, as empathy is the most overwhelming emotion when human life is at risk. This can be felt through violence or wither but health, should be consequently the only inoperative control of our body - the only possible territory.

Aggression is not acceptable. Discrimination is not even admissible. War is never justifiable.

We, as a collective presence, have the responsibility to exempt our time from this inhuman experiences in a supposed modernity. We have sufficient knowledge and known cultural geographies to understand diversity as a positive allegory of our own individual story as a single group.

I celebrate the end of this ancestral and primitive manifestation of cultural destruction called war.

I celebrate how we as a collective opus, seize the opportunity to evolve in to the next moment in time, consolidating empathy as the base to thrive.

We are not enemies my friend. I just want you to help me with the time I need to be able to understand, us.

February 28, 2022

Stop war everywhere!

Reduce consumerism altogether.

Avoid gasoline, logistics, news.

Our individual position about these three political arguments can decrease the economic value of war drastically.

Think about it.

Public transportation, local goods & relevant information.

February 24, 2022

Como marcar o curso de uma água que se agita? Como demover uma águia assertiva da visão da sua presa? Como fazer pedra sem o tempo que demora o mundo? Como ser, sem ter que parecer?

O que é sempre foi? Nem sempre o mesmo porque só assim é algo mais. Nem quantidade nem qualidade, só a indómita vontade que me rói, e já nem dói, porque afinal, sempre foi.

Desta história reza a persistência de uma fé. Uma crença em que a diferença nem sequer é o punctum que merece. É antes o factum de um studium que nasce inventado. O spectrum isento da eulogia do passado, sem qualquer remorso, só CRítica. Uma vida desenhada com o carvão ainda ardente, quente, emocional. Paixão.

Tudo ainda por dizer. Nada serve como completo. Tudo é estranho. Todavia, há quem fique contente com este sonho fervente, do que se espera que eu, nunca venha a acordar - murmúrios de pequenos bichos medrosos.

E aqui estamos, perante a oferta da eternidade. A única verdadeira ambição que demove a angústia dos homens. Um rigor de vida que transcende as fronteiras da carne, do entendimento e se produz numa mera obra, viver.

February 21, 2022

Não posso ser pós moderno, quando deixei de procurar as formas dos espaços e passei a procurar o tempo da proporção.

February 10, 2022

Infinite, never ending, post state of the previous level.

All started with the forward loop.

In the middle there were cycles.

Concurrently, I'm approaching the moving landscape from the adimensionality of time.

Like a post mannerist queer punk.

February 7, 2022

O ímpeto não é comunicar, é evitar estar só.

A vontade que move o ato de falar e partilhar a vida íntima com os outros, além dos nossos, os tais próximos, com todos os desconhecidos possíveis e acumuláveis, é a evidente incapacidade em aceitar o silêncio e a solidão.

Nada nestes termos é mau à partida. São estados transitórios que justificam modos e condições, caracterizam e influenciam muito mais do que a imagem irrefletida dos outros na nossa vida. São terapia e são a forma mais pura de saber manter a nossa sanidade.

Não são purga nem cura. São subaproveitados. Precisam de instruções.

February 6, 2022

Pequenos ajustes, sempre em tandem. Como se a consequência do caos estivesse programada em cada movimento possível observar.

Não acredito que a ordem exista, seria demasiado para absorver, por nós, simples humanos.

No entanto, queremos esse poder. Controlar, impor, dominar, quando afinal são tudo compensações de uma percepção clara sobre o declínio.

Nós, humanos, não temos medo da morte, temos sim, medo de não viver até lá.

Assim, presos, condicionados, num rítmico bater de desilusão. Como se estivéssemos sobre carris, em direção a um destino inegociável.

Ou talvez não.

January 31, 2022

Por vezes, nem preciso falar. As moléculas invisíveis do meu discurso alinham-se por mim. Carregam a semântica de uma força em forma de força. É como se o próprio ar decidisse ter a densidade desse discurso. Sem discussão, emocional como só o meio pelo qual a narrativa flui. Um arranjo simples, sem qualquer variação precedente, mas disponível para quem quiser derivar. É, assim, flutuante. Calmo. Nunca pacato. Sempre teu ...

January 27, 2022

Hoje chamaram-me vulcão. De quem vem, talvez seja assim que me veem...

January 21, 2022

Até um certo ponto, quem se dedica só a fazer aquilo em que é bom, é covarde.

É como se essa cobardia fosse uma traição ao erro, ao fracasso e à possível descoberta de uma alternativa pelo acaso. Nem tudo precisa ser racional, se houver outra parte dessa vida.

January 21, 2022

O que será que se move por entre as sombras? Nada.

A luz talvez ainda não tenha cá chegado. Quando chegar, com certeza, acaba a sombra. Se não acontecer, ou a luz ou a sombra darão azo a mais luz, ou, mais sombra.

Um diálogo infinito, como o tempo. A luz, isto é. Esta matéria que não é material. Nem os fotões a provam certa.

É para já, impossível de manter sob o controlo da matéria que é feita da indeterminada passagem de um tempo. Para alguns, pois outros preferem o degrau, a dobra, a redobra e a desdobra, como medida da sua relação de amplitude com o tempo.

Distorcido, ou só torcido, o tempo de alguns é como o corrimão que acompanha o tiro de uma escada: um falso sentido de segurança, mero apoio à locomoção, um arranjo tecnicista ou então arte.

Para Siza o tempo não passa, porque ele decidiu que nem luz, nem sombra, são motivo de sucesso.

São antes as substâncias mais evidentes do fracasso em nomear o inomeável, como um mero homem Barroco.

January 20, 2022

É o tempo certo para pensar porque nunca fui muito bom naquilo que faço. É porque não o faço para mim ou então, porque nem sempre sei bem o que faço? Às vezes, até gosto de não saber, nem o que faço, nem esse caminho onde aprendo.

Questionar a possibilidade da minha própria mediocridade não é um drama. É um ato consciente de, subtilmente, perceber o meu lugar neste momento. Perceber onde chego, cheguei e poderei vir a chegar. Simplesmente.

Reconheço que esta é ainda uma imagem difusa, idiopática e como tal, provavelmente de difícil rastreamento. A origem, a fonte, a nascença, poderão nunca fazer parte da resposta objectiva do meu percurso mas, uma vida de cada vez. Esta, está garantidamente a ser vivida. Rodeado de desafios, problemas e soluções. Nunca banalizada mas sempre relativa a mim.

Ao que sou capaz, cumpre-me manter presente a necessidade de partilha. Isso sim, riqueza. A única que aumenta sempre que a dás.

Talvez seja isso em que seja realmente bom. Não só para mim, mas também a mostrar como se faz.

January 17, 2022

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January 17, 2022

Viver fora de uma norma, não é necessariamente ser a-normal, pois nem sempre esta posição implica conflito ou repúdio. Falo disto porque o termo anormal está colonizado por um significado negativo e depreciativo.

Por vezes falamos só de tema ou estilo, o que valida somente o nosso interesse no campo, como uma espécie de investigador boémio. Esta curiosa vontade implícita em saber mais, significa algumas vezes, ser anormal.

Ser excêntrico, porque se sai de um centro - mas sem essa deslocação evitar reconhecer que se mantém uma certa relação geométrica, concêntrica, mesmo que irregular, com esse mesmo centro, do qual saímos.

Nos temas e estilos que todos mantemos como universais, há quem saiba sair sem avisar. Evitando lugares comuns, consegue inesperadamente, ou não, implicar muito mais do que pensávamos possível.

É tão evidente que só depois de muito tempo e digestão, se consegue sequer, iniciar o processo de assimilação. A nossa sociedade não está preparada para dispender tempo consigo própria. Os que têm esta noção, abusam da sua condição anormal para o fazer desmedidamente. Como é tão mais verdade na verdadeira arte.

January 11, 2022

O primeiro é o amador, o segundo o filósofo e o terceiro o crítico.

1 induz 2 deduz 3 transforma

O primeiro induz, enquanto absorve, entranha e prospera na base da arte visual e da literatura. Simultaneamente, como se de um ímpeto de sobrevivência para além dos meros estados de mortalidade se tratasse. É passado portanto, não porque passou (na simples contagem do tempo), mas porque tem a história que escreveu como seu aliado. Esta indução reflete a passagem de energia potencial. É no acumulado poder de construir, para além do simples ato de materializar que, simplesmente, algo se constrói, primeiro na obra e depois na observação da obra. Primeiro pela posição como se ama, autor, depois como permite uma posição ao seu público.

O segundo deduz, analisa a sua construção, sentado, exausto. Exaurido pelo seu próprio estado de criação, deixa-se galvanizar pela dúvida constante do perfeito, do conclusivo, ao ponto de abnegar a criação como sua. Mas, e mesmo em convulsão constante, permite-se momentos de êxtase, geralmente ilusões fantasiosas de dimensões paralelas onde o encontro com o seu público é pacífico. Geralmente, é, e reflete toda uma pedagogia de comunicação clara e coerente. Um saber da base. Quando não é, ou se aprende ou se desiste.

O terceiro transforma. Só isso. Reduz e simplifica ainda mais a noção de valor e validade da obra. Enfrenta-se num juízo sem parcimónia, fermentando a matéria primal numa construção passível de ser perceptível aos outros. Poder, no seu estado mais puro, o que consegue existir sem ser uma existência, mas uma condição para a criação.

Nenhum destes estados é um estado de paz e saúde, apesar de todos serem um estado de construção e adoração. É pelo menos assim que nos querem (sempre!) fazer entender o estado normal (natural para alguns) da criação. Algo doloroso, tenebroso e pouco sadio. Um processo de loucura e decadência, o processo do fim. Romântico, que não distingue o contexto do possível com a vontade da repetição impossível. Recursos como justificação de recurso.

A construção para além do óbvio e da tecnologia está ao alcance de alguns. Não porque a atingem mas porque a incorporam na energia pulsante do seu próprio reconhecimento como nados vivos. Falo daquela que ultrapassa o âmago do entendimento genérico e é, só. Beleza. Universal.

Por isso, completar, ou tentar completar, o poder que poucos atingem desta forma é usurpar o direito a que a inquietude de poucos, fazem verdade a vida de todos os outros. Fiquem-se pela constatação de beleza. Mesmo que tenham sido uma parte dessa criação.

January 9, 2022

A obra de Siza é feita do plano que ele decidiu retirar dos seus pés.

Chã, plana, penitente, poética e plena, tal como uma pérola obtusa, a perspetiva da sua arquitetura é a singular expressão do seu homem, Álvaro.

Álvaro

O mesmo que começou por perceber que a obra se faz por subtração do supérfluo, na adição do significado, sempre imperfeito. Algo que só esculpido se sabe mostrar.

Heresia

E por isso a distinção entre material e matéria, carrega o drama deste enredo, denso, como o arquiteto que escolheu viver no decorrer da sua obra.

Tratados

Admiráveis poemas visuais, as suas obras carregam um peso semântico, imanente e intelectual, tanto quanto existencial. Vemos nelas, como que o desenrolar de um processo de punição.

Adeus Loos

Um processo que começa por maneirismos progressistas que avançam uma noção de libertação das bases clássicas da arquitetura em direção ao campo intersecional e inclassificável da sua narrativa barroca, magistral.

Mais do que um pleno barroco poético, uma visão pós maneirista punk.

January 7, 2022

O viajante não é só o que se desloca, mas acima de todos, o que se dedica a parar.

Observar é um ato confundível e mundano, comum até, mas a diferença persiste na forma como, da observação se transita para a percepção, exigindo assim, assumir a contemplação como um estado pessoal dessa deriva.

Poderei eu, desde Wanderer above the Sea of Fog, Caspar David Friedrich

January 6, 2022

Pouco importa o que fazemos, excepto nascer.

Independentemente do que se venha a desenhar como vida, a morte, tal como a sombra, equilibra a noção de viver. Mesmo assim, prefiro arriscar aprender como o fazer, o desafio.

Imaginar viver sem morte é, em si, um ato desesperado. Sem precisar ser repúdio ou negação, imaginar sequer este cenário é deveras perturbador. Sem um fim, como significamos o durante? É um conceito extraordinário, que não pode ser confundido com a imortalidade. É como o estado das pessoas que não conseguem esquecer. Imaginem viver assim, a lembrar tudo, talvez sem conseguir perdoar, ou talvez em conflito com a maior alegria, a da nostalgia.

A patina da vida é em parte saber que esta tem fim e outra parte perder a noção da própria vida. Ao saber a noção do fim colaboramos com o tempo, de uma forma inquestionavelmente produtiva: por dedicação suprema ao percurso. Ao perder a noção da vida, damos atenção ao tempo após, o da ausência.

Esse tempo é fascinante. O que será de mim quando já não for uma presença? Serei uma memória ou uma lembrança? Serei nesse estado, proporcional à minha descendência biológica? Deixo algo para trás, ou fui só esse fluxo de energia que se transformou de novo?

Sim, essa energia sou eu. E pode ser cada um de nós. Somos uma troca temporária da matéria, entre a condição consciente da existência e a nova matéria da ausência. E é tão fácil aceder ao que somos, basta parar em frente a nós próprios. O que vemos é o que temos que ser. Se por acaso essa imagem não corresponde, o "fim" não será coerente.

Gosto da frase de um autor desconhecido que diz que "vive a aprender a morrer". O que eu acho curioso, até porque todos aprendemos (sem alternativa) a viver. Uns melhor, outros pior, mas raramente dedicados ao futuro pós existência. Porque será?

January 4, 2022

[ sobre a inquisição da matéria social ]

É-me impossível falar dos outros sem falar em mim.

e eu
A construção do eu a partir da figura geométrica em progressão para o sólido geométrico. A mudança de perspectiva, a dimensão espacio temporal da posição, da pedagogia e do poder.

Primeiro, porque a responsabilidade de saber de mim enquanto arquiteto, é somente o ato coerente de elaborar um tema do qual estou disposto a falar, mesmo que errado, por forma a propor uma alternativa do pensamento prevalente. Esta minha ética, sobre a política posicional da minha própria pedagogia de autoanálise e conhecimento/reconhecimento do poder a que tenho acesso e/ou contruí através da arquitetura, assim me impele a fazer. Por isso um doutoramento, na segunda parte da minha carreira, na qual abandonei a minha ligação ideológica com a arquitetura em detrimento de uma possível reconfiguração filosófica da minha disciplina.

Segundo porque, tenho a inabalável certeza de que sou um corpo colonizado. Sei que carrego em mim a herança de uma escola, pela influência dos grandes mestres, que pela proximidade, simbologia, analogia e afinidade se traduzem constantemente na minha prática. Não estou à procura da minha autobiografia científica, mas sei que, como outros antes de mim, me debato com o estado da arte que pratico, na forma com o faço, e no juízo do seu resultado. Evito deliberadamente falar de originalidade, essa é minha, ou não fosse eu um autor.

Terceiro porque estou preparado para ser cobaia. Ser o primeiro a preencher os programas de autoanalise, de ser amostragem e dissecado como o corpo político e construído que sou.

versos de imanência e transcendência

January 3, 2022

É violenta, a procura da decadência. Tentar encontrar uma razão pela qual o caos, ou a ordem se extinguem, levam-nos o sonho. Sentimos como que uma perda, sob a forma da incapaz obtenção de uma regra, provavelmente impossível de obter. A nossa medida não é compatível com este domínio, só com a perda da inocência realista da noção da própria perda sob a forma de um crime capital, viver.

Desilude não só pelo percurso mas também pelo processo. O trauma que fica é incapaz de sarar em tempo útil e por isso carregamos para bem dentro da nossa ausência o que ficou por tratar. Interior e exterior, a cicatriz não dói, só marca e por existir, lembra a luz que se propaga inexoravelmente como o tempo, numa dança que nos dá a realidade sustentada pela existência também da sombra.

É por isto que deixei de sofrer. Porque é certo que se não curo em vida, alguém terá que curar por mim a seguir. De que vale a pena assistir a esta perda, se não for para atingir aquele momento limite que se traduz num sussurro final. Um sussurro direto à história que escrevemos na cabeça dos outros, diferente das folhas de papel da outra história, a que regista a decadência que afinal é nossa, ordenada a partir do caos que nunca foi ordem, mas senão uma tentativa de ordenar a desordem natural da vida.

Vivo normalmente ausente, como se o espaço que ocupo fosse um desenho que faço, sem peso, limpo, mas com marcas e borrões nas costas da folha, e uma das pontas dobrada.

January 2, 2022

Apetece-me dizer que durante o tempo que passou não gostei mesmo nada que tudo tenha ficado tão igual. Até houve quem mudasse, mas foram tão poucos, ou então foi de casa. As moratórias deram muito jeito. Se alguns pouco ou nada mudaram, muito poucos evoluíram, e a semântica é transcendental.

Começo por filas. A pé ou de carro, dá igual. Filas intermináveis para coisa nenhuma. Comprar, principalmente, mas também para mostrar que até têm um automóvel moderno, com luzes ligadas de dia, a ser pago sabe-se lá como, ao banco de que todos somos donos. Um ouroboros, ou uma pescadinha de rabo na boca para os ocidentais. E os testes! Tchiiiiiii, ninguém vai à bola sem reprovar! São aos 50 mil de cada vez, mas dentro das regras...

Continuo pela opinião. Sim, a opinião pública, não é a minha, mas a que domina, mascarada de entretenimento, o horário "nobre" do país. São horas intermináveis de desinformação, comentário saloio e dramático o suficiente para provocar cortes auto infligidos na axila. É a variante prevalente e é impressionante a falta de pudor (já para não falar de síntese jornalística) rigor e até honestidade. E são todos iguais, os canais. Safa-se a 2 ou não fosse eu um snob, artista, culturalmente ativo, blá blá blá...

Saúde, educação, economia, tudo vai mal. Pelo menos é isso que se entende por política. Não interessa como está, só que está mal, uma miséria, nunca foi pior e assim não dá mais. Convoquem-se novas eleições, principalmente, porque estão previstas na democracia. Depois, porque dá jeito o tempo de antena. Ah, e dá para mudar de tema, que já toda a gente ouviu falar das férias dos famosos nas ilhas do Pacífico. É como o povo, e nada contra, mas há limites para a preguiça participativa, a falta de interesse. Sei lá, ficava feliz com uma pequena centelha de urbanidade e cidadania, mas não há. Está tudo em casa, a ouvir os outros a formar as suas próprias opiniões, enquanto olham o telemóvel naquela gestão multi tarefas do único neurónio disponível. Gelados com a testa!

Convoco agora todos os processos falhados, sejam os de largo espectro, como as oportunidades perdidas de reconfiguração da nossa própria vida; sejam os de pequeno impacto, como o das reivindicações hierárquicas superiores de decisões democráticas em júri de pares, sendo assim nada mais que a identificação de processos subliminares de novas e mesquinhas colonizações (com cartas públicas de ambas as partes, de outras partes e assinadas de cruz).

Homens musculados por pós(z)es, mulheres sufocadas por leggings, crianças com o queixo no peito, à mesa e portanto com a testa na sopa (sopa, pfff nem sabem o que é isso).

Mentiras em todos o lado e nós, compra. A sociedade a ruir e nós, até nem vamos mal. Aproveitemos mas é esta oportunidade, que amanhã há mais. Somos uns perdulários. Eu também, atenção...! Mas não consigo deixar de me deter pela beleza do mundo como ele é, mesmo que o que vejo seja o que gostava de ver diferente. Se assim fosse possível, todos teríamos um mundo nosso, à nossa própria imagem e isso seria muito feio de mostrar. Já basta este!

January 1, 2022

Talvez seja por hábito, ou então porque é simplesmente incontornável, mas sem a menor dúvida, estamos sempre à beira do colapso. Em todos os tempos, geografias e estados, há quem sinta a necessidade de apregoar o cataclismo maior possível, o fim. É como se estes profetas nascessem diariamente em cada um de nós, assim que ouvimos falar de algo menos que ótimo, maravilhoso ou menos fácil.

Para mim, esta gente é primeiro, uma cambada de preguiçosos, que prefere que tudo acabe para todos do que fazer parte de uma construção comum, mesmo sabendo que, efetivamente tudo acaba para todos. Preguiçosos e invejosos, portanto... Talvez não seja isso em que acredito mas é possível ser assim.

Acredito que é mais a improvável noção do tempo. Sempre a contar, sempre a seguir, sem esperar por nada e por ninguém. Sem regras, sem método, sem dimensão humana que não a que nós conseguirmos fazer senso entretanto. Sendo assim, essa entidade abstracta comanda subliminarmente a vida de todos, pressionando a realidade individual a fazer parte de uma contagem imparável. Ninguém tem voto na matéria e tudo alinha pelo tempo de todos. É a verdade mais democrática do universo, seja qual for a galáxia, pelo menos ao nível cosmológico (do quântico não falo).

Não nego que me fascina a incontrolável atração dos humanos para o drama, o enredo, a vitimização como uma profissão exigente. A minha atração não é mórbida como quem pára para ver um acidente ou ouvir uma discussão mas tem dias em que também eu páro. Geralmente faço-o para observar. Tentar a percepção de algo. Não precisa ser erudito ou avançado, pode ser tão simples como uma basura, um contentor, num determinado local, como hoje.

O contentor, mobiliário urbano, público, disponível sem qualquer entrave e significando sobretudo a incapacidade humana de gerir os seus próprios excessos. É um símbolo de uma questão de educação, a da falta de formação.

Posso ensaiar, a partir dos menos óbvio, tanto quanto a filosofia, a sociologia, a geografia, o design, a ética e a política mo permitem, mas hoje vou simplificar. O caixote do lixo mais vulgar do mundo permite-me olhar para o colapso mais recente: a desresponsabilização total do homem consigo próprio na incapaz gestão de resíduos, na forma como lida com o seu consumo e como tal, como violenta publicamente o meio ambiente com a anuência política geral. Tenho dito.

Como o tempo não pára, está na altura de deixar de ser lixo. Lúcidos.

December 31, 2021

O que faz alguém citar alguém, seja obra ou autor? Porque nos reduzimos ao que aprendemos ou ao que sabemos que aprendemos porque alguém já validou? É importante refletir sobre o que alguém pensou, enumerou ou até citou de um outro alguém, por forma a manter uma linha de pensamento ativa e clara, mas, será essa a nova forma de pensar? Pensar a partir de algo pensado? É esse o modo de operar do futuro? Se depender da instituição, sim. Principalmente por conforto, mas também por mera praticalidade da produção de agentes de uma qualquer disciplina, sim.

Se sim, o que seria dos antigos. Aqueles clássicos que deram o passo do desconhecido, em direcção a nada em particular, que não a vontade única de pensar. Esses seres isentos da liberdade que vivemos hoje em dia, a que não me interessa em nada viver.

Achamos nós que somos livres quando afinal somos agrilhoados. E somos nós os carrascos dessa vida! Oprimidos pela miragem do espelho que nos reflete por obrigação.

Oprimidos não. Oprimimo-nos!

Somos feitos de uma matéria comprometida com uma fantasia, uma ilusão, a da liberdade. A que afinal não queremos, até porque não sabemos viver com ela. A liberdade não é uma condição que se adquire, mas antes um estado que se atinge e isso, paternalisticamente falando, exige tudo, repito, tudo! de nós. É como um casamento, onde a falta de cuidado, manutenção e evolução, faz colapsar a base indivisível desse compromisso definido pelas partes...

Interessa-nos assim, mais do que ser algo, parecer algo, de preferência único e diferente. No final, é tudo igual. É como se a sugestão de alguma coisa fosse o argumento de partida para qualquer hipótese de solução social. De que me interessa ser, quando posso só parecer? É mais simples assim, pelo menos para a maioria. Os outros, são artistas, revolucionários ou inconformados. São estes os que validam os outros e nada contra este eterno equilíbrio. Os 99% precisam desse 1% para existir nessa forma, validados entre si, pela sua maioria. Quem é que acha que este não é o maior elogio possível ao pressuposto do original? Quem acha que vale a pena, que é preciso sequer, sermos todos iguais?

Mesmo assim, continuamos a reivindicar a liberdade como algo pessoal. Achamos nós que o custo de não a ter é maior do que parecer não a ter, quando afinal, não sabemos muito bem o que ser, sequer. Oportunidades não faltam, e já nem sequer as desperdiçamos, porque nem sequer nos dedicamos, às tentar aproveitar.

Bom ano, mais um, do resto das vossas vidas, aquelas que seriam iguais à minha, não fosse eu existir.

December 30, 2021

Quando me interesso é por amor. Aquele amor amoroso não, o outro, o de amador. Amar é um ciclo que revejo facilmente, talvez por isso esteja a escrever perto do fim, o do ano. Amar é também ser curioso, na medida em que se é especial e também, especialmente incapaz de preencher cabalmente a vontade de ver mais e melhor. Curioso e curioso, portanto, um sinónimo de alguém inquieto, insatisfeito mas plenamente capaz de amar. É curioso.

Escrever agora tem o potencial acrescido do tipo do resumo ser do interesse comparativo. Quem lê, talvez espere perceber onde falhou e onde pode copiar para ser melhor. Possivelmente, talvez seja só como o gato, curioso. Duvido, até porque estou habilitado a falar de gatos, agora que sou parte da vida de um (há outros que me visitam, mas este vive cá em casa). Curiosos, há assim muitos, mas nem todos se movem pelo tempo constatado, mas antes pelo tempo que acham ter perdido. E comparam-se a mim, não ao gato. OttáriOs!

Aos que não sabem escrever por si, e aos que são curiosos de mim, aqui vai:

- amigos, menos, cada vez melhores. Conhecidos, alguns, talvez futuros amigos, mas nunca piores.

- gente nova, gente velha e a certeza de que a realidade que te conforma é a mesma que se muda num ápice. Nem tempo tens para pensar o que perdeste, por nem pensar em amar o que tiveste.

- mais do que desafios, a motivação em desafiar.

- desenho, livros e não só, com mais intenção do que pensava ser capaz, e sou!

- um ano... espera lá, um ano porquê? 365 dias, a começar em janeiro, porquê? A astronomia a reger o mundo dos perdidos não implica nada aos ciclos de cada um. Primeira lição.

Até já, ao próximo.

December 29, 2021

Com o tempo, talvez seja assim que tem que ser: a celebração passa a ser um estado e não uma condição isolada num dia particular. Presentes, ausentes, nós, na ordem da necessidade e nada mais.l

Que a hipocrisia seja agora, para que no resto do tempo, a redenção tenha lugar.

December 24, 2021

Há um silêncio que me interessa,
aquele que eu não consigo ouvir,
aquele que me afasta e me aproxima
sem que eu tenha a noção que estou num movimento perpétuo.

Aquele que é tão perto e tão longe,
aquele que é tão audível e tão silencioso,
que nem damos conta que estamos a ouví-lo.

Esse silêncio que eu procuro,
é o silêncio que afinal,
nunca encontro.

December 19, 2021

O poder da arquitetura não é o mesmo da arquitetura do poder.

December 16, 2021

A critical reading of the state of the discipline of architecture can start with the identification of its dispositifs, in an objective analysis of the prevailing physical, institutional or administrative mechanisms.

A position from the vitruvian geometry

Architecture is the direct manifestation of the set of powers of the trias politica of antiquity. Perhaps it is time to assume its position as the fourth, or rather the fifth power, since the media are in their place.

Nothing prevents me from invoking Her as The fifth power.

December 12, 2021

Estou suspenso do uso da meta crítica e da minha densa forma de pensar.

Essa que me alimenta na análise do meu estado de ser, como a condição do mundo que me rodeia. Infelizmente, prevalece uma normalização silenciosa que a disciplina da arquitetura professa como sua e que me evita como seu membro excêntrico tanto quanto notável. A sociologia tem mediado este espaço de inquisição, mas a geografia dessa ágora imaginada, será sem dúvida o local de uma discussão pelo poder que uma política de virtude isenta da ética mais elementar. Essa suspensão temporária, por princípio, tem tudo para ficar, mas serei o seu guardião atento, para que possa escapar assim que as regras estejam de novo em causa.

Até lá, vivo sem respirar.

December 1, 2021

Sim, eu tenho uma predisposição para a articulação de raciocínios complexos. Complicados, estruturais e nem sempre inteligíveis, estes raciocínios são uma parte de mim. Há quem dispense tempo para os compreender e há quem os evite. De qualquer das formas, quero afirmar que apesar de tudo eles vão continuar a existir, nas suas formas exatas, sem condições adicionais que não a sua dinâmica, na minha cognoscência. Percebem agora?

November 29, 2021

A maior dificuldade é ouvir. A nós, ao corpo, aos outros, a tudo o que nos rodeia e ainda a esse mundo de saber que nunca teve a presença que desejo em mim.

Vou-me dedicar a ouvir e para isso tenho só que parar.

November 27, 2021

Uma língua assente numa linguagem, a da forma, esta arquitetura, e pela estética contemporânea.

Iminentemente expressiva, artística e cultural, mas no entanto, sem o seu fervor consequente, mais clássico e Universal. A ética, a virtude e o princípio estão ausentes!

É esta a presença de espírito que a maior parte das imagens consumidas diariamente pelo público da sua mensagem invocam na sua leitura. Uma posição frágil e descomprometida, baseada na pedagogia falhada do orçamento ou do ornamento, que de tão desprezo que tem pela prática, é pretensiosa, como só uma disciplina obsoleta pode ser. A obsolescência vem do agora, sem que com isto esteja a exaltar algum classicismo mas, é um facto que, só ontologicamente podemos observar o poder que exalta a manifestação do artifício humano no reino do natural.

De que vale a inocência, a naïveté que não passa da meia medida, quando o copo só se enche com um repúdio ou uma ausência e não com uma ainda maior complexidade? É esta a contradição do momento exato em que vivo, a de saber que o caminho se faz pelo percurso da crítica, na observação da prática pela percepção da disciplina. A quem me dirigir e culpar? Ninguém, pois todos são ainda vítimas da indómita vontade em saber, que o corpo é um dos sentidos que nos falta aprender.

E tudo é poder. O quinto poder. A arquitetura.

November 22, 2021

No more coal in Portugal.

Maybe we are the new classic, like in classical antiguity, starting with a progressive take on energy, despite politics and economics being a capitalist variable.

Perhaps this a turning point on how we should profit from our naiveté and ingenuity forming together from a strong sense of responsibility. This comes from the younger generations of people who became aware of how this place is special, immanent and transcendent while representative of the opportunities to evolve from crisis, as a global example.

November 21, 2021

The more we fail as a profession the more we succeed as "the" discipline.

By educating practices, we can perceive the necessary ethical positions to take, both individually and collectively, in regard to knowledge.

November 15, 2021

O cliente paga para ser cliente.

Pode emitir opiniões.

Pelas decisões, são eu o responsável.

November 5, 2021

A responsabilidade em mudar algo ou alguma coisa começa sempre nos outros, num qualquer processo exterior a cada um de nós, o qual só por ser necessário ou evidente, esse processo exterior, comprova a nossa posição estática e inoperante, como perfeitamente plausível... Os dogmas, estigmas e preconceitos são assim carregados de uma forma subliminar, ofuscando a necessidade de mudança, com a falta de estima e amor próprio e que, a existirem, são razões suficientes para a tal imediata regularização do equilíbrio virtuoso ou moral nesse tal contexto. Ninguém se mexe para nada se não tiver um ganho claro, incluindo ficar estático como o ganho da energia propulsora da ignorância.

November 2, 2021

Mais uma, sempre há mais uma, e todos querem é mais, não interessa se devemos ou não, só que há uma para ir e supostamente é para divertir. Nem interessam as imagens degradantes do fim, nem a culpa dos erros cometidos pela ébria forma de substanciar a existência coletiva, só que todos fomos e nos vimos ali, naquele local, onde se escondem os medos de todos na fantasia de nenhum. A euforia da festa é algo que me consome, pois também eu percebo o seu enredo, mas assim não.

November 1, 2021

É protocolo, quase obrigatório, para todos os que usufruem da viagem, demostrar o ecletismo das suas experiências privilegiadas, ao expor uma foto da sua benevolência para com os hábitos, as vistas, (enfim, qualquer predicado situacionista é suficiente), de tais exóticas paragens. É tipo, além fronteiras é um direito adquirido, não é, e da máxima humildade, partilhar publicamente a vida privada, ou será que não é?

October 31, 2021

Azul menino ou rosa menina... Há lá nada mais normativo, incontestado pelos 99% e acima de tudo, completamente desnecessário no mundo em que vivemos (seja o de agora ou o de sempre). Cor e sexo é uma noção capitalista que nem percebemos bem como persiste na mente do mundo moderno, com a força e a persistência do conceito. Poderia explicar como surgiu mas nada mais me interessa do que evitar essa análise, recontada, e assim, esperar (de esperança) que essa dúbia noção binária desapareça.

October 30, 2021

Brilhante, dourado, muito ou pouco, depende do gosto, mas a marcar a propriedade, o comprometimento, na sua maioria inconsequente, inconsciente, inconsistente, com a verdadeira realidade dos factos: de que vale o anel, se a relação é frágil ao ponto da mentira. Fidelidade, essa palavra em forma de logro.

October 29, 2021

Pressão da resposta, sempre certa, sempre em cima, o daquele momento que é sempre mais útil se utilizado a pensar no que dizer, do que arrependido do que poderia ter sido dito. É uma mensagem automática a favor da mediocridade, sem questionar que o fórum se faz com calma, reunião e ponderação, dure o tempo que durar o compromisso individual de cada participante, sem necessidade de impor outra visão que não a melhor resposta a esse coletivo.

October 28, 2021

Público, como em transporte público, ou seja, livre de acesso, a todos, sem qualquer tipo de restrição que não a regra plural mais simples possível, o bilhete de entrada, que não garante a desresponsabilização do cuidado, da simpatia e da urbanidade.

October 27, 2021

Estreia, simplesmente a inauguração, de algo ou alguma coisa, que vai ficar em exibição e portanto com acesso, a todos, durante um certo período de tempo, além do dia inicial, seja um filme, uma exposição ou até uma promoção, conseguem provocar histeria e segregação, a partir do pseudo estatuto da presença ou do estreante.

October 26, 2021

Fila de trânsito, lenta, quase parada, várias faixas de rodagem e há sempre quem desespere por um metro de espaço, um meio segundo de tempo e a opulente ignorância da calma, da paciência e da consideração, sem pensar que, de facto só provoca ainda mais aquilo que, supostamente, pretende evitar.

October 25, 2021