A nossa personalidade é feita do equilíbrio entre os defeitos que mantemos sob controlo e os que não conseguimos controlar.
Sob controlo pode ser entendido de diversas formas e esconder, pode ser uma delas. Esconder é mais do que omitir ou mentir sobre algo: é deliberadamente camuflar e tentar passar despercebido por entre naturalidades.
Como qualquer aparelho de dissimulação é provavelmente reconhecido por entre a matriz da personalidade e em situações de carga, transparece com naturalidade.
Seja de que forma for, escolher, omitir, camuflar, ou outros mecanismos de defesa (defesa, sendo os defeitos ordem de ataque de uma sociedade que exige a perfeição, sendo ela própria perfeita) convém admitir esse equilíbrio.
Eu tenho uma vocação para o confronto, não porque seja agressivo, mas porque na minha natural forma de controlar o meu feitio, apareço como um defeito: sou directo, pragmático e imparcial numa sociedade que se promove pela simulação da verdade.
Esta maneira de estar é brutal quando proposta para uma relação de qualquer ordem, pois destrói os mecanismos de defesa e expõe todos os defeitos.
Os primeiros são os meus, pois sou incapaz de lidar com a mentira e gero o tal confronto. Depois desaparecem todos e fico comovido por um manto hipócrita e moderno.
Que defeitos?