A melhor ligação entre humanos é o espaço ocupado por relações.
Relações sociais, em rede, são uma tese avançada por uma cultura ancestral, repetida em diferentes locais e que caracterizam uma história etnográfica e que define a antropologia da sociedade humana.
O avanço inevitável do digital precipitou nessa mesma cultura a sua mais elementar forma de relação com o espaço: a ileteracia social, o analfabetismo emocional. A responsabilidade sobre o estado actual é partilhada entre o benfeitor da rede e o utilizador responsável. Esse estado pandémico e global não tem para já uma opção de cura e avança na contaminação desenfreada de novos ocupantes desse espaço que parecia bem intencionado e que afinal estava por definir.
Que espaço é esse em que o depósito das vantagens sobre a redução da distância física se transforma afinal no oposto? Qual a regulação que se exige a uma vontade totalmente individual e pessoal? Devemos proteger os jovens só porque se define que a idade é um factor em temas como o álcool, o tabaco e a emancipação da maioridade?
Sim, porque é essa a melhor opção atualmente. Não, porque a escolha reside no indivíduo e não na sociedade. E aqui está o paradoxo. Por um lado a proteção, por outro a liberdade. Por um lado o indivíduo e por outro o coletivo e a sociedade. A eterna questão sobre quando somos capazes de definir o nosso próprio espaço e, a partir de quando este deve ser definido por nós.
E que tal pensar nos danos, no prejuízo e por um momento equacionar as vantagens? A sua forma atual ainda compensa o inócuo princípio inicial? O que pensa uma criança sobre o assunto? Quem será essa criança quando ocupar um espaço real, sem rede que não a sua própria rede social?
Sei que há quem pense nesse futuro e se apoie na forma como evitamos o chumbo no combustível para nos salvar: havia um veneno no ar que sufocava o planeta e nos estava a matar.
Redes sociais são outra coisa. Estas precisam ser proibidas e controladas. Já basta o mal que fazemos em presença, não precisamos de mais espaços para nos magoar.