Fingir é o lema de uma geração.
O momento da experiência, a competência emocional, a vontade verdadeira, a motivação.
Fotos e ideias, são expressões desesperadas de uma excursão ao vazio digital. A subversão é tal que o pacto silencioso é admitido por todos. E nós, outros iguais, o que fazemos para que eles (e nós) possam mudar? O que alimenta a necessidade de ser mais uma parte da maior comunidade de sempre? O sonho ignorante de ser capaz de tudo? O que nos faz únicos num mundo em que todos somos especiais não é a resposta que damos, mas sim a pergunta que decidimos colocar em todos os momentos em que aceitamos a solidão, a reclusão e a independência.
O nosso espaço é fingido. É feito de elementos precários e descartáveis que são desejáveis por momentos e nunca são parte de uma certa eternidade. Perante o tempo, esses elementos somos nós, pequenos suspiros de uma raça que ao progredir nunca vai recordar tudo de todos. Nós achamos que sim e isso será a nossa perdição.
A falta de vocação explica o fingimento.
Tudo é possível, quando não é. Todos são capazes, quando não são. Somos todos iguais, mas não. Já não sabemos o que é ter vocação. Vocação é sentir uma chamada por voz, para vós e fazer disso um ponto de partida. Confunde-se com talento, com aparência e com desígnio, mas uma decisão vocacional é muito mais do que uma escolha por um tema ou predileção. É mais do que um ativismo bárbaro e bacoco, é um compromisso.
Mais do que viver um espaço fingido, vivemos no espaço descomprometido. Evitamos a honra da hora, da opinião e do impacto de um erro que se pode corrigir. Sentimos a pressão da perfeição e isso é a decadência maior: o fim desta geração, no fim da vocação.
Fingir morreu. Até porque não se pode morrer a fingir. Mesmo quem tente.