O que justifica o comentário sobre o uso do poder? O meu? Que honra bárbara é essa? O que explica a minha biologia como homem branco, saudável e ativo?
É assim que constatar o óbvio se assume como uma nova forma de discriminação.
Incomoda sobretudo a minha coerência sobre uma orientação sexual, hetero e intencionalmente estranha (sussurro queer para quem precisa entender). Sem esquecer que uma dieta alimentar, omnívora e intencionalmente vegetariana é impossível estar correlacionada com uma profissão liberal, culturalmente responsável e ativa socialmente. Com toda a certeza, a minha independência económica não tem eco possível numa prática razoável e focada numa subversão total do teu capital. Seguramente, a minha disponibilidade académica, associada e coletivista é uma incompetente forma de me enquadrar num cenário conformado.
Analiso naturalmente a obediência dos mais premiados radicais na forma como agem sobre mim. E derivo, boémio.
Anarco responsável, promovo o acesso à minha noção sobre uma ideologia assente na empatia, solidariedade e generosidade e é essa geografia de ações no tempo que desconcerta o mais acérrimo camarada republicano. Nunca serei o agente da tua mudança. Essa é tua. Igualmente, nunca serei vitima da tua ira, pois nunca verei em ti um agressor. Mas no pleno usufruto da minha autonomia e responsabilidade sobre a minha liberdade apenas agradeço o reconhecimento sobre o respeito que construo em ti pela tua energia.
A questão nunca é o que és, mas sim o que queres ser. E eu sei que procuro o que sou. E sabes que podes contar comigo para te ajudar.