Pela procura de um pensamento livre, a noção inversa de libertação de um pensamento, assume-se com maior impacto em qualquer atualidade.
Pela filosofia, admitimos com alguma leviandade que na generalidade, certos comportamentos, enquanto fenómenos culturais são uma construção com recurso a uma base científica, encorajados por uma razão lógica das coisas.
Pela mesma filosofia, será lógico que estes fatores sejam isentos de qualquer dogma ou tradição. Será ainda conseguinte entender que esta garantia é dada pela soberania e autonomia de uma preposição que descreve o real poder de um humano, de uma entidade ou até um certo ponto, de uma disciplina.
Pensamento livre é o tema de uma exposição sobre um homem profundamente ancorado numa ideia de tradição. Tradição esta que pretende seguir um certo dogma disciplinar sobre a produção de uma atitude regionalista, mais ou menos crítica, e que assim promove a continuidade (modernizada) sobre um pensamento local. Esta suposta inovação é uma imitação historicista (e bem) de um sem número de casos (desde Newton a Descartes e agora profundamente moderno) que argumentam duas constatações sobre a progressão (?) do pensamento livre: a primeira em como avançamos referencialmente, primeiro no tempo e depois no espaço e a segunda refletindo sobre o papel existencial da obra construída quando confrontada com a duração da vida humana. Apesar das viagens, e de uma leitura global do nosso tempo, a perspectiva tavoriana sobre o processo de aquisição e distribuição do conhecimento, continuava dependente da existência de uma escola. Uma tradição de escola. Uma ideia que reproduz e que fomenta reproduzir.
Voltando ao nosso comportamento leviano, esta necessidade de constante explicação racional limita necessariamente as explorações fora de campo, o que, por si, é geralmente a razão manifesta de uma insuficiência lógica transversal e multidisciplinar. Existem, mas são evitadas pelo seu risco de confronto com a sensata tradição disciplinar. Este processo lento de incursões esporádicas e sempre nas imediações de uma fronteira de conforto não permite passos mais determinados na direção ao exterior do campo.
Sobre a isenção é claro para todos como há fenómenos de resistência que acabam por se conformar. Seja pelo desgaste ou pela evolução de um certo fenómeno, estatisticamente, estamos condenados a convergir pela maioria, a grande entidade que se distancia da ruptura e mantém a tradição. Ora aqui está novamente a velocidade do processo sobre o progresso e a evolução da nossa sociedade de pensadores livres: lenta e até em certos momentos da história, negativa! Quando não o é, surgem, ou ditadores ou grandes ideólogos de uma loucura temporária… O real poder surge assim da capacidade de fuga, de escapar ao normal correr do tempo e espaço geográfico da nossa sociedade.
Escapar é pois libertar um pensamento da sua condição de pensamento livre. É assumir a capacidade de ser livre pela responsabilidade e solidariedade com o mundo de todos e assim, com todos no mundo. É cruzar sem receios os lugares de sombra, da luz ainda por descobrir e aceitar esse momento de desconforto e desconhecimento como o método que constrói melhoria. É evitar a tentativa e erro que só promove estatística e conformação. Optar pela superação da nossa própria disciplina de ganho e aceitar a perda como construção. São estas coisas da lógica que se invertem numa razão moderna de existência partilhada, horizontal e equidistante.
Tal como Távora também eu reconheço o meu lugar no mundo, mas ao invés de viver numa muito sua tradição comprometida num tempo, trato os meus mestres como amigos que tanto sabem, como se deixam ensinar.
Espero que assim este mundo livre se permita curar.