Vermelho e amarelo são duas cores utilizadas para representar os dois actos mais importantes quando falamos de reabilitação.
O amarelo representa os elementos a demolir, o vermelho a construir – a negro são representados os elementos a manter.
Esta aparentemente simples codificação reduz em peças escritas e desenhadas o processo de projeto a uma das suas formas mais abstractas: o estudo amplo desenvolvido pela equipa projetista, obviamente de cariz técnico.
Uma nova cor faz falta, uma que traga uma leitura adicional para além dos signos construtivos. Uma camada adicional, tão diversa como a própria prática do arquiteto: uma camada emocional, ecossocial, cultural e assim, perfeitamente técnica.
Geralmente renegada para o documento escrito, penso em qual será o impacto de um projecto desenhado para implicar estas camadas? Como reagirá o trabalhador que apenas operacionaliza o desenho simplificado de vermelho/amarelo/negro ao deparar-se com um novo signo, símbolo e significado da intervenção? Qual será a melhor cor/linha/trama para este código alternativo e adicional?
É importante pensar que há funções distintas num processo de construção, em que a arquitetura e a engenharia fazem parte. E é ainda mais importante perceber que podemos impactar diretamente essa comunidade alargada simplesmente por aplicar técnicas de desenho que superam o ego do projeto e evitam reduzir-se a uma tecnicalidade. Nem todos os desenhos precisam desta abordagem, mas a camada certa pode ser representada num desenho significativo e trazer um conhecimento e intenção adicional para a superfície de todo o processo. Em obra.
Falo claramente de representação mas sobretudo de comunicação. A níveis insuspeitos e que não precisam de maior normalização, somente um reparo, uma sensibilidade indutora para impactar e sugerir participar numa certa transformação do paradigma da comunidade que constrói e re constrói o mundo que habitamos.