Tolerar o desconforto de uma decisão por tomar é um exercício que sugere um resultado superior. Simplesmente melhor.
Ponderação, sob a forma da fermentação de uma ideia, é um processo de construção radicalmente diferente do processo de tomada de uma decisão imediata e reactiva. No seu devido contexto, ambas são necessariamente uma resposta a um problema mas situam-se diametralmente opostas no sentido da criação originária de um fenómeno criativo novo. Evitar prolongar indeterminadamente esse desconforto é também saber gerir o tempo exacto; como o que resulta de uma clara noção do momento de aplicabilidade; o que ativa o contexto de origem.
A criatividade é sempre um processo seletivo e ponderado, que incita um argumento a prevalecer para além do seu emissor. É um fenómeno autónomo, do qual somos veículos de comunicação, transformação e aplicação ao mundo real. É a descoberta de mais uma variável da materialidade física que definimos como a nossa dimensão; uma nova composição humana que (ainda) desconhecemos. O desígnio dessa forma racional de oficializar o tempo é acessível a todos. Um tempo que passa e regista a decisão tomada em direção a um próximo nó, esse, ainda por decidir.
A criatividade é um termo sem campo original, apesar da prevalência ideológica da arte sobre a ciência. É um bem, uma faculdade, uma competência que não só distingue mas também caracteriza a consciência sobre a existência. Os que estão atentos sabem como é inconformada essa estratégia de vida. Os outros dependem deles e chamam-nos para decidir.
É acessível a todos.
É praticada por poucos.
Nenhum é escolhido.
Não precisam chamar por mim.