A intensidade de construir um pensamento com o tempo é ao mesmo tempo inalcançável e quase misterioso.

A forma como essa construção se deixa afetar pelo seu autor, depende da noção de passagem linear, da leitura interpretativa e da relação histórica e pessoal desse tempo com o estado da sua arte.

De que vale carregar mais do mesmo ao longo da linearidade da história? De que é feita a originalidade da resignificação? O que podemos esperar de nós quando somos confrontados com o acto de construir?

É possível olhar de duas formas para a frente: com as mãos dadas aos que nos antecederam, ancorados assim aos pontos de vista estabelecidos e à sua sobreposição, ou então, decididamente soltos, não necessariamente auto didatas, mas envolvidos numa construção de significado muito menos relacional, na causa e no princípio, estabelecendo novas virtudes e éticas pedagógicas.

Uma é endémica, a outra pandémica, mas ambas são intrinsecamente sistémicas. E isso basta para o mundo. A mim, que me desinteresso do mundano, procuro estabelecer o equilíbrio entre a relação de entendimento externa da minha verdade e a necessidade pessoal de não me aborrecer com facilidade.