Viver fora de uma norma, não é necessariamente ser a-normal, pois nem sempre esta posição implica conflito ou repúdio. Falo disto porque o termo anormal está colonizado por um significado negativo e depreciativo.
Por vezes falamos só de tema ou estilo, o que valida somente o nosso interesse no campo, como uma espécie de investigador boémio. Esta curiosa vontade implícita em saber mais, significa algumas vezes, ser anormal.
Ser excêntrico, porque se sai de um centro – mas sem essa deslocação evitar reconhecer que se mantém uma certa relação geométrica, concêntrica, mesmo que irregular, com esse mesmo centro, do qual saímos.
Nos temas e estilos que todos mantemos como universais, há quem saiba sair sem avisar. Evitando lugares comuns, consegue inesperadamente, ou não, implicar muito mais do que pensávamos possível.
É tão evidente que só depois de muito tempo e digestão, se consegue sequer, iniciar o processo de assimilação. A nossa sociedade não está preparada para dispender tempo consigo própria. Os que têm esta noção, abusam da sua condição anormal para o fazer desmedidamente. Como é tão mais verdade na verdadeira arte.