O amor é uma desculpa filosófica: há quem saiba como se traduz e há quem viva num conceito banal. De todos os tipos manifestados em texto e imagem só um me deixa curioso ( além dos constantes ensaios sobre a sua possível tradução ) e ainda hoje me leva tempo a enquadrar o cenário: o amor pa/maternal.
Será mesmo “amor”, tanto quanto uma gata cuida das suas crias? Será responsabilidade, preservação e continuidade, mascarados das formas mais humanas possíveis, com narrativas emocionais de apego e carinho misturadas com a realidade da sobrevivência? Será que assim, racionalizando a ligação familiar direta, se explica porque há relações familiares falhadas?
Em todos os outros “tipos” há uma racionalidade implícita, imposta, traumática ou de grande desejo, mas na relações dos progenitores com a prole, o tema vai além do comportamento imposto/proposto.
Começa pela própria relação dos progenitores, onde o cenário é cada vez mais abrangente e sugestivo, dentro dos limites da procriação e da criação de um ambiente familiar, o que implica uma posição cada vez mais ampla para a condução de uma família além do ímpeto da procriação.
Talvez puro egoísmo, ou até puro altruísmo, ainda não me decidi… nem tenho que o fazer! Cada um faz o que a sociedade permite, pela sua própria interpretação da relação biológica entre a vontade pessoal em querer ter descendência e a missão biológica reprodutiva. Reproduzir é para mim um termo odioso, onde por definição existe uma tentativa de impor um feitio desde a base. Até se buscam parecenças! E que as há, há, mas daí a serem procuradas como sinal de sucesso… Há ainda quem o faça por acolhimento, entrando no espectro do altruísmo pela beneficência, solidariedade e humanidade. Quem o faz teologicamente pode ou não ser sucedido.
Então, em que penso quando penso no amor? Penso na beleza do seu silêncio. Deixo-me inundar pela sua presença e não o tento explicar. Evito até pensar e sigo o caminho proposto até ao céu mais próximo… Pois… Isto é exatamente o que não faço em todas as minhas experiências com expetativa de definição do termo amor…
Talvez um filho mude a minha visão do tal amor, mas até lá, reproduzir é uma responsabilidade que terei somente em preparar-me para acolher a nossa decisão, até porque não estou sozinho nesta equação!