A oportunidade da evolução, não é a mesma da da mudança. Se por um lado surge a dita oportunidade e se aplica o termo de modo indiscriminado à forma como esta abertura a algo se permitir alterar é clara, por outro lado, evoluir ou mudar são termos relativamente diferentes.

Aplicados à conjuntura têm definitivamente abordagens diferentes na forma como se ajustam ao resultado esperado e como tal, logo à partida não serão termos complementares. Talvez isso não passe da dificuldade imediata em assumir que é preciso mais do que a simples definição para que a classificação correta da progressão coletiva possa ser percebida cognitivamente e irrefutavelmente. Evoluir é avançar algo existente. Mudar é alterar o curso de algo para outro processo idêntico – ou não.

Avançar algo pelo ajuste do seu trilho primário pode ser considerada uma transfiguração semântica dos significados cognitivos atuais, mas é impossível rejeitar a dificuldade em risco de assumir prevalência de resultado. Posto este risco em risco e novas oportunidades ( em si ) apresentam a força de uma nova cadeia de valor intelectual, coletivo e perseverante no domínio social da mudança pela evolução. Estamos focados nos termos individualmente e não no processo que a aglutinação de significados podem trazer disruptivamente ao resultado.

O país tem na sua história várias oportunidade em aplicar ambos os termos de maneira conveniente, mas, e por diversas condicionantes, as suas aplicações foram sendo subjugadas para um impacto diferente do possível ou até manipulativamente menor do que o esperado.

A forma como nunca fomos afetados pelo conflito em larga escala, como a nossa revolução se deu sem uma catarse violenta da ordem pública, como a(s) crise(s) económica(s) serviram unicamente para o fortalecimento do feudos políticos e industriais baseados na organizado financeira de interesses, ao invés da melhoria das condições de vida da população geral ou até, quem sabe, da criação de riqueza integrada na leitura do potencial instalado do país, defletiu a possibilidade de aproveitar sequer a noção da oportunidade básica então surgida entre tanto perdida.

Assim, nunca fomos de facto capazes de nos purgar e nivelar comparativamente com os outros (com iguais ou diferentes não interessa) com os externos (vizinhos, próximos ou distantes) e com os internos (passivos, agressivos ou corruptos). Fomos sempre aguentando a pressão da economia, da política e dos valores sociais (presentes ou em falta) com esta forma de vida pacata, submissa e boçal em que nos podemos reconhecer.

Os portugueses são assim, uma forma de estar permissiva, pacata e amistosa. São infundidos de um valor natural em perceber a taxa de esforço necessária para algo suficiente, perto da notabilidade mas sem necessidade exclusiva de o ser. É uma racionalidade instintiva que quando dissociada da culpa conservadora, do dogma boçal e aplicada um pouco como um treino de vida, irá ser deslumbrante perceber como algo perfeitamente singular. No dia em que os problemas desaparecem outros tomam o seu lugar mas existe em nós uma capacidade anormal em prosperar, aos poucos, nessa constante da existência em grupo.

Esta elegância natural, ineficiente e inconsciente no modelo Universal deixa-me últimas vezes em conflito. Se, por um lado, tenho em mim a inquietude que me constrói, por outro, fico consternado com a competência de relativização de alguns. Sem vulgaridade, é possível banalizar a grande parte do que me inquieta e a partir disso prosperar. Aceitar não é resignar e por isso um processo interno que implica o domínio dessa intenção, contrariando assim um pouco da pacatez em causa mas ao estudar a definição reparei na oportunidade de aceitar que um pouco de rebeldia também tempera esta forma de ser e coexistir entre a dimensão do termo e a sua aplicação individual.