Sem se anular, o argumento que se reproduz em ciclo, por vezes circular, por vezes linear, por vezes pontual e até por vezes numa forma aleatória e incompreensível de se enquadrar numa leitura binária, é capaz de ser aplicado indiscriminadamente a uma qualquer escala de valor.
Seja positivo e construtivo e a vantagem visível é o progresso; seja negativo e destrutivo e a oportunidade que surge é a purga. Em qualquer outro cenário não se satisfaz a condição básica da minha existência : criar e construir, e isso é um ponto crítico do qual não abdico.
Quem se apresenta no seu próprio ciclo pode ainda cruzar esta noção, no entanto, a ausência do argumento individual prevalece. Na maioria das vezes sobra a cópia, uma mímica pantomineira plena de esperança que altera a posição desse sujeito : o que ele se propõe a copiar, por forma a imitar e assim propor o que sente falta em si, acaba por se revelar uma repetição imediatamente extinta no momento em que este a produz.
Nada é acrescentado, não há progresso visível, não há valor acumulado. O seu devido valor é igual a zero, não há adição. Mas isso não significa que ficamos iguais nesse resultado e que somos incólumes a este comportamento, pelo contrário, somos efetivamente influenciados por essa falta de originalidade e a orientação que recebemos desse momento é um vector negativo que anula todos os outros esforços, os de outros possíveis argumentos em contato.
Entre membros da espécie, com outras espécies, entre o mero conhecimento, pela falta de comunicação e de relacionamento, em qualquer que seja o contexto, percebemos esta dinâmica de construção e ligação inata na nossa realidade. Constato porém, que nos tempos de agora o vetor contrário contagia de tal forma esta direção, que até os promotores de outros tempos ( os que se dedicavam à propriedade global em prevalecer pela prosperidade ) estão a ser sugados para uma menor incidência de ciclo e diminuição do devido valor acrescentado.
A promiscuidade tomou conta de tudo e é a escala de valor de qualquer argumento. A necessidade de relacionamento entre cada um de nós foi substituída por uma dependência voraz de reconhecimento comportamental e é um estado temporário e descartável, infelizmente descomprometido da nossa existência individual. Por não sermos capazes de olhar para o nosso, usamos o espelho dos outros para justificar a falta de ser que somos. E gostamos.
Que diria a mesma mulher que se mostra somente para constatar atributos e assim demover a concorrência que a copia em inverter esse raciocínio, com a partilha cabaz da sua condição com alguém que não se pode reduzir a imitar? Que diria o homem que pela sua força se impõe a alguém que nunca se deveria ter que medir em comparação, mas que o faz? E que tal olharmos em volta e relacionar tudo o que o nosso meio natural nos ensina em silêncio? Que tal percebermos a humildade arrogante do que estamos a tentar destruir e que vai prevalecer mesmo após a nossa própria extinção?
Por isso, somente em ciclo conseguimos prevalecer enquanto espécie, apesar de estar cada vez mais difícil progredir em conjunto, os argumentos precisam ser ainda mais valiosos. Disse : “…seja negativo e destrutivo…” e daí surge em nós a oportunidade de formar o tal conteúdo. Sem blindagem, antes fortalecidos, estes argumentos, ciclos e membros desse processo, podem enfim prosperar.