Senssness

Eu consigo fazer o mundo brotar, desde a pele que te cobre, à minha que sobra. É possível que seja uma boa altura para parar, até porque não há quem consiga fazer igual. Melhor, com certeza, mas ainda não vi ninguém copiar.

Dar a vez, por vez, ser a forma de retribuir ao mundo aquilo que nunca pedi, nem recebi, ou tive que ter para ser e servir o propósito de ser, ser. Deslocar-me para deixar passar, nem pensar; pensar, melhor é e faço, quando subo e puxo por tudo comigo, quando levo esse peso do umbigo dos outros e o deixo por aí, nú.

Daqui, verte uma substância invisível, inodora, e que convida o ónus a entrar. Substitui-se em todos os poros por novos topos, antes ocos, agora cheios mas não só de espaço; para voltar a encher, com o que ainda não faz falta, e que sei será pouco, efectivamente necessário para tudo o que faço chegar ao mundo.

Desse momento que só me interessa a mim, proponho um início que peca por ser só peça, a peça. É tão forte que dura, penetra e emana de dentro, ardente e não pouco, mas sobejamente, destrói o que ainda se mantinha real. Descarta em mim sentido, pele, carne, tudo passa a ser essa engrenagem normal, que me mata em ser capaz de ver-me a mim capaz de tudo.

E ninguém nota, sente ou vê, como me matam sem eu gritar a dor que me inflijo.