Travão
Apetece-me muito mas sei que não posso, ainda. Há essa vontade de ser e fazer ser como ninguém, em mim, mas não a há dentro de quem me interessa. Erro, pois primeiro, interesso-me por toda a gente, e isso não está bem.
Eu sei o que quero, como quero e quando quero, mas nos outros há um limite que não se ultrapassa. É ócio, mais preguiça que dúvida, uma facilidade que se permito, erro, eu, pois dou sem pensar, eles não.
Erro. Não posso. Não devo, não tenho sequer que aligeirar a proximidade que permite essa usurpação da minha vontade de estar presente por mim só.
Eu sei que sou mais. Tudo. Mas também sou fácil, útil, perto, ductil. Sou e dou o que tenho na expectativa da execução, sempre gorada nas múltiplas vezes que repito o que digo até à exaustão.
Erro. Aprendo. Protejo-me pouco e os espertos vêem bem isso. São astutos na forma como se encavalitam em mim. Usam e abusam da minha infinita vontade de melhor, nunca mais.
Parar, porquê? Pelos outros, mais uma vez, ou por mim, de facto?
Sim, talvez, parar agora num sinal de força e reunião de ainda mais força. Juntar a visão à forma, ao discurso e ao foco. Simplesmente, prever orientar-me nesse labirinto de sucção humana para usar a solução à partida.
Sim, parar para avançar.