Custo

A bitola, na qual vivo, é-me imposta por mim, mas vivo num ponto onde o escrutínio radical das minhas capacidades pelos outros é considerado um alimento de interesse público. Esses, fazem de mim um macro aviso de nutrientes em distribuição gratuita, como se eu fosse uma instituição. Uma beneficência inesgotável de cariz social e aproveitam-se assim, do meu nome, da minha força, competência, disciplina, dedicação, intensidade, coerência, raciocínio, crítica e criatividade, talento puro, capacidade de processamento, trabalho, gosto e educação, perseverança, visão, valor nominal, em vão. O aproveitamento do meu bom senso sobre a partilha pura, é extravasado pela força exterior da vontade imposta. Reivindicada.

Todos, mas todos, querem essa parte boa. Limpa, perfeita, saciante, saborosa. Não há nada que não se aproveite, e se por um acaso algo não sabe como o pedaço anterior, eu corto e substituo-o numa sangria colorida, mas curativa. Sou o principal dissecante de mim próprio, uso de um brio profícuo em rigor e qualidade da matéria-prima, sou pouco benevolente com material que não o notável, aprovado, biologicamente são.

Sirvo para tudo, e todos sabem disso, pois dependem da minha existência para essa validação individual da sua candidatura a humano. Sirvo de tudo, e todos fogem disso, pois mostro por reflexo a diferença entre a textura da mente que alimenta e o prato que vem servir-se de mais.